1.16.2011

"Mamã, Papá"

Tenho estado agarrada ao silêncio, aquele que se tem vindo a tornar-se o meu melhor amigo e com o qual me tenho vindo a dar demasiado bem. Tenho tido dias em que vejo a minha vida como uma autêntica intempérie ou catástrofe natural, algo medonho, doentio e impossível de suportar. Tento perceber-vos e fazer com me percebam a mim. Queria muito concretizar-vos o vosso sonho, o tal de “rebento perfeito”, mas a adolescência não é fácil e é neste período que começamos a crescer mentalmente, em que vamos em busca das verdadeiras amizades e que vivemos os nossos primeiros (des)amores. Tu bem vês, mãe, todas as vezes em que me deito a chorar e tu me limpas algumas das lágrimas e eu peço-te somente que me deixes sozinha. Eu sei que te preocupo, mas tenta perceber que já passaste pelo mesmo que eu. Quanto a ti, pai, aqueles nossas breves e raras discussões, tu bem sabes que não digo o que digo por mal. Sabes que sou impulsiva e que no fundo sei sempre que tu tens razão, mais razão que eu, não só pela tua enormíssima experiencia de vida, mas também pelo grande Homem maduro que te tornaste depois de tudo aquilo que passaste naquela altura que só nós dois sabemos.
Já à muito que não vos escrevo. Tenho-me esquecido de vocês. No decorrer destes últimos dias tenho contado tudo à minha sombra, só assim sei que posso contar tudo a alguém e que não me irá julgar nem dizer nada a ninguém. Ela compreende-me e maior parte das vezes temos longas e demoradas conversas, no seio daquele silêncio, onde ela utiliza uma espécie de “códigos” para que ninguém perceba que estamos a ter as nossas típicas confidências, mesmo tendo consciência de que ninguém nos ouve.
Mas eu continuo aqui, mesmo quando choro logo após colocar a minha cabeça sobre a almofada e na manhã seguinte vos mostro o meu sorriso, como se nada se tivesse passado na noite anterior. Trago alegria para esta casa, canto por todos os cantos e salto sempre que tenho de ser superior aos meus medos, para que estes se sintam bem inferiorizados. Mas às vezes queria que tudo fosse diferente, mais fácil (talvez). Queria abraçar-vos aos dois ao mesmo tempo e a todos os minutos, beijar-vos aos dois no mesmo instante, confessar-vos da falta que sinto (mesmo estando sempre muito presentes na minha vida) do vosso aconchego naqueles meus momentos de angústia e em tantos outros.
Existem discussões que proporciono desnecessariamente, nas quais venho a concluir que não tenho a mínima razão, mas nas quais (também) tento defender a minha “tese”, por assim dizer.
São coisas de uma vida, da vida de uma adolescente que tem tudo e que em momentos se sente sem nada. Tenho o vosso amor e tudo aquilo que de bom vocês me oferecem. Uma espécie de melhores amigos, sim, é que vocês são. As coisas nem sempre correm da melhor maneira, mas eu estou sempre aqui, pronta para corrigir os meus erros e perdoar todos aqueles que vocês comentem (mesmo sendo raros, eles existem e são cometidos).
Agora, quero que saibam que vos amei de pequenina e hoje já com dezasseis anos amo-vos muito mais que na noite passada; Amo-vos todos os dias de maneira diferente, pequenos grandes heróis.


1 comentário:

Diogo Passos disse...

Sou genro deles amor (a)
Está lindo o texto amor *.*