1.16.2011

De mim foste e por mim não voltarás


O amor não é nada mais que um dominó. Amei-te demasiado tempo, mais tempo do que devia, não é que o merecesses mas só assim sentiria o meu coração preenchido. Levei meses, semanas e dias a construir o nosso amor, cheia de sonhos e ambições. Passei noites em claro a imaginar como seria um futuro ao teu lado, como seria acordar contigo a sorrir-me logo pela manhã, como seria chegar a casa ao final do dia e passado uns instantes ouvir a tua chave entrar na mesma porta que a minha e receber-te com toda a ternura possível e imaginaria que poderia vir a existir se o nosso dominó não tivesse sido destruído mais depressa do que fora construído. Pensei que era livre mas logo após todas as peças terem caído percebi que já não sabia viver sem ti e sem mais uma série de coisas fúteis que só me fazia recordar o teu sorriso e o teu olhar.
 O amor é fútil e não nos ensina nada, a não ser ficar doidos. Não nos ensina, nem sequer, a esquecer quando a vida nos oferece um outro caminho, quem sabe se não será o caminho da verdadeira felicidade.
Mas eu cansei-me de tanto me magoares, de tanto ouvir “Desculpa” ou “Perdoa-me, prometo que da próxima tudo será diferente”; essas palavras não curam um coração partido nem cicatrizam marcas profundas de desgosto amoroso. Procurei sempre pelo amor verdadeiro, mesmo nas alturas em que menos acreditava nele e que punha a hipótese de ele não existir em lugar algum. Estou cansada de guardar segredos e não poder dizer a ninguém aquilo que vai dentro de mim por saber que não vou ser compreendida. Olhar, olhos nos olhos, e saber que nem assim me eras sincero e que por detrás desse teu sorriso havia maldade e frieza. Confiei e acreditei sempre que tudo aquilo que me dizias era verdade. Cansei-me de ser ingénua. De esperar que fosses como eu que me dissesses somente o que sentias e não desses asas à tua imaginação inventando aquele amor que nunca vieste a sentir e que provavas, somente, com frases feitas (no fundo) ditas só por dizer.  À muito que me cansei de querer aquilo que não posso ter, de amar pela metade, de não me poder apaixonar à vontade ou ter sentimentos vazios e promessas falsas. Esperei demais de ti e desiludi-me mais uma vez. Cansei-me de te querer mesmo tendo a perfeita consciência de que não me merecias. De chorar por ti e de não te ver limpar-me as lágrimas.
Hoje cheguei ao auge e cansei-me de esperar por quem já partiu e jamais voltará. Vou cair em mim e vou voltar a ter as minhas noites de sono tranquilo e de profundo descanso. Vou esquecer-te, vou empurrar-te para um canto qualquer do meu coração, o mais pequeno, o mais profundo e escuro, aquele que já não me pesa nem dói e vais ser uma espécie de cicatriz que nunca mais voltará a abrir.


3 comentários:

André disse...

Magnífico :D
Adorei o texto, tu escreves mesmo lindamente mesmo ;)

Diogo Passos disse...

Vais escrever um texto, um dia *.*

Diogo Passos disse...

*um livro