1.15.2011

Cansada de tanto estar cansada


Cansada de ter que (às vezes) ser o que não sou para agradar alguém. Cansada de sorrir quando sinto uma enorme vontade de chorar. Chorar até extravasar ou secar as minhas lágrimas, pelas quais luto para que não inundem o meu rosto. Cansada por achar que nada vale a pena. Cansada de fingir que sinto o que não sinto e tantas vezes fingi apenas para agradar aqueles que, nunca se importaram em saber se eu estava bem. Cansada de dizer palavras sinceras, tão sinceras, que mesmo assim foram duvidadas não acreditadas ou simplesmente deitadas ao lixo ou debochadas, acima dessa sinceridade foram massacradas por certos convencimentos e mania de grandeza. Cansada! De ouvir e nunca ser ouvida com a mesma atenção, com a mesma paciência, na maior boa vontade que eu, quantas vezes, sem que pudessem ver a tristeza que se estampava nos meus olhos. Cansada por achar que devia ter feito mais ou quando achava que havia fracassado em ajudar quem tanto precisava da minha ajuda para, depois, ganhar um beijo, o beijo da traição, da falsidade, da mediocridade, o beijo que arde e machuca. Cansada por ter que entender todos enquanto na primeira oportunidade, esse mesmo todo lança um punhal nas minhas costas e corta devagar, para que entre todo, chegando a perfurar o meu coração sem se importar com a profundidade do buraco e sorri, depois do estrago, sem dor na consciência, se agiu bem ou mal não importa. Deixam o punhal cravado lá para mutilar aos poucos. Cansada! De viver a brincar oferecendo sorrisos aos lábios das pessoas ou arrancando boas gargalhadas e ser tachada de engraçada, sempre com as mãos no coração das pessoas amenizando as dores, fazendo-as esquecer por um momento, com esse meu jeito louco de ser, os seus desesperos, solidões, depressões e fracassos ou mesmo as dores do amor, da rejeição ou as dores da doença para depois virem com palavras ásperas, duras, amargas e frias. Cansada de amar superficialmente simplesmente por achar que o ele é o tal. Cansada de amar quando longe quando (sei que) perto não se sente nada, e ter que fingir, ou achar que amo apenas porque o perdi e vem um sofrimento embutido, que com o passar dos dias as colas e parafusos começam a soltar-se e penso: Onde está todo aquele amor? Não era verdadeiro?! Houve sim, várias vezes que pensei que estava a sentir novamente o amor, mas não, era apenas uma ilusão, uma paixão, que, como num truque de mágica, acaba da mesma forma que veio, termina-se bem ou acaba-se muito mal, mas simplesmente acaba. Cansada! Cansada de pessoas que não me conhecem, não convivem comigo ou nunca me viram e dizem que fiz ou disse algo e na hora da satisfação a pessoa simplesmente coloca uma cara de anjo e muda de corpo para não se afogar nas suas próprias acusações; sem ter como se defender esquecem-se da educação ou falta-lhes mesmo, sem um pedido de desculpas de ambas as partes, a que disse e a que acreditou. Simplesmente fogem e calam-se numa atitude covarde. Cansada de perdoar setenta vezes sete, a cada “não” que me dão, e, a cada pedido de desculpas, mais uma vez levo um soco na boca do estômago onde fico o dia inteiro arrasada, perguntando-me o porquê desse soco. É... quando se bate não se sente dor, mas quando resolvemos viver, pedindo, não setenta, nem sete vezes setenta, mas sim um pedido de desculpas, simplesmente ouço “não”. Mas, mesmo sem ter o direito de ser perdoada, ainda perdoarei setenta vezes sete, não importa se me perdoam ou não; mesmo cansada. Cansada! De acharem que sou metida, que o meu jeito de ser é forçado, mesmo depois de meses verem que não mudei nem uma vírgula; de não gostarem do meu andar, do meu modo de falar, odiarem a minha voz, detestarem a cor dos meus olhos e o meu olhar e, mais ainda, o jeito de gesticular com as mãos. Detesto quando me excluem; esses complementos odiosos me deram muitos traumas, e afastamentos de amigas que eu adorava e que pensava que sentiam o mesmo por mim. Cansada de ser condenada por amizades não verídicas. Eu sou realmente, sei lá, acho que desbocada, brincalhona, este meu jeito não me faz desrespeitar tanto elas quanto eles, e nem ser vulgar a esse ponto. Não me interessa roubar o que é dos outros. Cansada! Por tudo isto que sinto nos meus olhos; uma tristeza muito grande, não só nos meus olhos mas também dentro do meu coração, mas seguro as minhas lágrimas que mantenho boiando nos meus olhos, quando percebo que estão para cair eu simplesmente as seguro com os dedos. Há muito tempo que não choro, não quero chorar, mas o dia em que o meu corpo repousar para todo o sempre, deixarei que minha alma chore e derrame todas as lágrimas que segurei, mas todas essas lágrimas, que escorrerão seguidamente, irão chorar felicidade.
(adaptado por Ana Mourão)

1 comentário:

Diogo Passos disse...

Escreves mesmo bem namorada *.* E ultrapassaremos tudo juntos amor (: