8.15.2011

Às vezes o amor dura

Tudo começou há exactamente duzentos e sessenta e seis dias, no minuto certo da hora marcada pelos nossos corações: 16:57h. Lembro-me deste pormenor não por ter idealizado aquele momento, mas porque já o desejava desde o primeiro bater de coração. Tenho por hábito recordar aquilo que realmente gostei de viver e sorrir de todas as vezes que penso naquela derradeira hora do dia. Éramos dois seres aparentemente estranhos, com muito pouco em comum para lá do Liceu que ambos frequentávamos. Estabelecia-mos um breve contacto visual, um pouco antes de ser trocado um «Olá» seguido de dois suaves beijos em cada uma das faces. Pouco íntima era a história, vista por quem estava de fora. Mas, no meu íntimo, a história era bem diferente e eu sentia-me feliz. Por vezes virada do avesso, com a cabeça a andar à roda e com um coração diferente, um coração confuso. Dei por mim a perguntar-me porque raio é que ficava tão alterada e com o coração aos saltos de cada vez que nos cruzava-mos, quando era mais que habitual fazermo-lo uma vez que andávamos na mesma escola. Sorria-lhe e cumprimentava-o. Depois vendo-o afastar-se respirava fundo e fechava os olhos, concentrando-me apenas num único facto: O meu coração não iria ser dele, o meu coração iria ser só meu e mais ninguém iria dominá-lo durante uma carrada de meses ou talvez de anos. Adorava tudo nele, até mesmo as coisas que exasperariam a maior parte das raparigas. Achava uma ternura extrema aquele sorriso que me enviava de cada vez que me via, com aquele olhar um quanto ou tanto envergonhado por me ver. Adorava a sua descontracção e confiança pessoal. Amava a sua personalidade, tão forte e simples e era louca pelos seus olhos enormes sem cor efectivamente definida. Sentia-me sortuda e até mesmo afortunada por ter ao meu lado um homem que ao fim de uns longos meses me continuava a saber estimar e a valorizar-me à sua maneira, de uma maneira especial. E sobretudo, sabia gostar de mim e isso, não me envergonho de dizer, constituía talvez o item principal da minha lista de razões para que ele se tivesse tornado tão importante e especial na minha vida. Deixava-me vaguear pela memória daquelas palavras lindas e profundas que me dizia todos os dias. Eram habituais, mas eu não me cansava de as ouvir. Faziam-me sonhar… Sonhar talvez com o facto de um dia se ajoelhar à minha frente com um anel de noivado cintilante na mão e me pedir em casamento. É isto! É este o momento que qualquer miúda sonha! É este o momento por que tanto espero, que tanto planeio e que sei que um dia irá acontecer. Chegava mesmo a sussurrar para mim própria palavras que me fazia estremecer o coração, como «E se este meu coraçãozinho vazio, está simplesmente à espera que o amor dele o preencha e o faça sorrir de novo. Se calhar somos perfeitos um para o outro e isto vai tornar-se em algo predestinado, num amor verdadeiro.». Pensava nos nossos momentos, mas especialmente no nosso primeiro momento. Aquele momento um quanto ou tanto intenso, repleto de entusiasmo por estarmos ali só eu e ele, onde a vergonha transbordava do olhar e as palavras fluíam tremidas e cheias de incerteza do que seria bom ou não dizer. Olhei timidamente para o meu reflexo no vidro mesmo ao meu lado. Não tinha com que me preocupar relativamente ao meu aspecto, afinal, ele fazia-me sentir bonita mesmo naqueles dias em que vestia o que me aparecia primeiro à mão, usando o cabelo solto e dispensando a maquilhagem. Ele fazia-me sentir assim, única e feliz. E por mais que recusasse a admiti-lo, o meu coração podia estar prestes a entrar no domínio de alguém, pronto a ser amado.

17 comentários:

Raquel Pereira disse...

Que texto lindo *

André disse...

Muito, mas mesmo muito magnífico! 5*

Raquel Pereira disse...

Nada comparado com o teu. está mesmo lindo , acho que está escrito mesmo com coração e alma :)

Diana Bacelar disse...

amei o texto *

Raquel Pereira disse...

Concordo plenamente contigo Ana. E não me canso de dizer amei o teu texto mesmo *-*

Diana Bacelar disse...

muito obrigada querida, também gosto muito do teu! :)

Raquel Pereira disse...

Obrigada pelo elogio querida * , estava a ser sincera :)

Diogo Passos disse...

Só te digo que já estava a morrer de saudades dos teus textos e essa descrição física que fizeste de mim, ai, eu amo-te miúda! OBRIGADO, ESTÁ MARAVILHOSO!

Unknown disse...

awww, lindo, lindooo! (:

inês disse...

que texto lindo! :)

Mariana * disse...

Gostei do Blog, Parabéns (:
Sigo (;

carina rodrigues disse...

novo blog: http://dduasalmasabaixodaescrita.blogspot.com/



adoraria ter-te por lá, se quiseres!

rafaela sofia disse...

ouve, está lindoooooooooo! tocou-me imenso no coração. amores como esse há poucos hoje em dia.
felecidades*

nês, le mimada ☯ disse...

gostei muito*
nota-se que tem muito sentimento envolvido!

Vânia Andrade disse...

Lindo *.* Escreves tão bem !
Estou a seguir (:

mariana capante. disse...

adorei !

Inês Marques disse...

adorei *-*