1.05.2011

Procuro-te



Quando menos espero existe sempre aquela imagem, a tal imagem, na minha mente. A todas as horas me questiono não do porquê de tudo ter acontecido mas sim do porquê de teres aparecido.
Já pensei e tentei saber como será, como vou viver sem ti. Já não vejo ninguém, nem a ti e vou sempre sozinha por ai. Ando e disfarço, mas eu sinto-me presa a ti.
Estou adormecida e as cortinas da vida fecharam-se para mim. Já me culpei a mim e escrevi uma canção para cantar ao sol, para que só ele me oiça, para que só ele saiba o mundo em que eu vivo, para que só ele saiba as noites tenebrosas que tu me ofereces.
Tento fugir, mas só penso nas horas em que estás aqui. Tento sorrir e mostrar todo o meu lado vitorioso e orgulhoso, mas é embrulhada na escuridão que a verdadeira saudade me aperta, mesmo não tendo braços e as melhores imagens me trazem lágrimas suficientes para que molhem a minha cicatriz, ou talvez a minha ferida.
Em todos aqueles passos que deste, mesmo quando achavas que seriam em vão; Em todas aquelas tuas horas de desassossego; Em todos aqueles dias que vagueaste pela areia, junto ao mar, sozinho; Quando caíste e não te conseguiste levantar; Eu estive lá! Estive sempre lá no fundo onde me abandonaste e me deixaste para traz aos poucos, consoante o tempo, conforme a tua vontade.
Não me afastei de ti, não te deixei desamparado. Não deixei que fosses derrotado sozinho, nem que derrotasses sem mim. Limitaste-te a esquecer-me, mas eu não te esqueci. Limitei-me a permanecer, aqui, junto a ti mesmo que me recuses todos os dias, mesmo que não me queiras nunca mais.
Na minha insistente negação da tua permanência em mim, foste ganhando forças e crescendo dia após dia. Na minha persistente nostalgia foste conquistando o teu lugar.
O espaço que ocupas em mim, é o mais bonito e o melhor que tenho para oferecer, quando amo e quando esse alguém é nada mais que um simples desalojado no amor. Dar calor aos nossos corações quando estavam frios, esboçar pequenos sorrisos para que todo aquele gelo fosse quebrado, dar o melhor de mim e o melhor abraço para que sentisses o bater do meu coração, junto ao teu. Queria isso, nada mais.
Mas fugiste. Fugiste sem antes me dizeres que se ias voltar. E nesse lugar distante onde encontraste outro coração para ti, outro coração que te ama (quase) tanto como eu ainda te amo, tens grande parte de mim. Porque hoje, grito nos meus sonhos e sussurro no real “Deixaste em mim, tanto de ti!”.
Já esqueci o nosso último beijo. Não me recordo do sabor das lágrimas que não choraste, nem do dia em que partiste.
Sei que deixo tudo escapar-me por entre os dedos, mas não esqueço.
Contei até trinta, voltada para a parede de olhos cerrados. Tu escondeste-te de mim, eu procurei e não te encontrei. Mas tentei. Tu apareceste e começaste tudo de novo. Viraste-me as costas e tornaste-te a esconder. Esperei 17 minutos e não apareceste. Fui à tua procura, encontrei-te! Abracei-te!
Eu cansei-me destes teus jogos, mas nunca me cansei de ti.
Em nós, existe esta enorme distancia, em nós há a (falta de) vontade de lutar. Há em mim o medo, há em ti a mentira. Há em nós um pedacinho um do outro. Mas na verdade, ambos sabemos que eu estou em ti do mesmo modo que tu estás e mim.


1 comentário: