12.16.2010

Sinto o que me faz sentir


Em inglês: miss. Em francês: manquer. Em alemão: vermissen. Em português e em muitas outras poucas línguas: saudades.
Saudade é uma das palavras mais presentes nos poemas, nas canções, no meu quotidiano e no teu quotidiano.
Dentro de mim, grita de segundo em segundo, sempre que penso em ti, o sinónimo “solidão” e faz-me sentir a dor da perda, da distância e a angústia do amor.
Tal como em inglês, passei a empregar “dislike” em todos os meus rascunhos amachucados. Melhor dizendo, optei por empregar o termo “desgosto”, uma vez que “desgostar” não tem habitual uso no dia-a-dia de cada português, no dia-a-dia de quem sofre por amor.
Amor? Uma afeição, compaixão, um desejo, uma conquista.
Amor, não é simplesmente dizeres que me amas, não é chorares por mim, não é dizeres que tens saudades minhas. Isso não chega, isso não me chega [nem a mim, nem a ti].
Nas ruas, de calçada gasta e cansada de ouvir tanto desgosto e presenciar (des)entendimentos entre casais que no passado passeavam abraços à beira rio, cruzo-me com pessoas que se lamentam da vida que têm, da vida que levam. Ouço testemunhos de vidas cruéis e de infinita infelicidade. Mas… e eu?
Eu que quero, somente, que sintas um amor diferente do dos seres humanos. Eu que quero, entre nós, um sentimento mais potente do que um simples gostar entre duas pessoas. Eu que não quero sentir a vaga sensação desagradável, que me leva ao desconforto – aquela que acabará por me levar a um processo destrutivo actual ou potencial.
No meio da dor, da nostalgia, do sarcasmo e da mútua ignorância, onde fico eu?  
Vou ficar aqui, onde estou, sem me mexer, sem dar um único passo em direcção àquela porta. Vou ficar entre estas quatro paredes escuras, completamente escuras. Abraçando-me àquele sentimento no qual sinto uma profunda sensação de vazio e isolamento. Com a leve impressão de que é mais do que querer estar com outra pessoa, não por simplesmente me querer isolar, mas sim, porque os meus sentimentos precisam de algo novo, algo que os transforme.
Sinto-me na solidão, mas isso não significa que esteja desacompanhada. Passo por momentos em que me encontro sozinha, talvez por força das circunstâncias ou até mesmo por escolha própria. Estar sozinha também é uma escolha positiva e traz-me alívio emocional. Isolo-me, afasto-me dos demais e isso implica e exige-me sempre uma escolha consciente. Dentro de mim, o meu coração defende-se argumentando contra a solidão. Grita e afirma que a solidão [em mim] não requer a falta de alguém, de uma outra pessoa e que por vezes a sinto em lugares densamente ocupados. Particularmente, descrevo a solidão como a falta de identificação, compreensão ou compaixão.
Lembro-me que em anos passados, alguém me disse que deveria ter cuidado quando a solidão tem como ponto fulcral o amor. Eu tive cuidado. Mas tu eras forte e eu não era. Foi uma ilusão. Foi um erro. O meu coração está partido e todas as minhas cicatrizes estão abertas. Com pouca força e numa só palavra a minha boca prenuncia a dor que o meu coração sente e o substantivo que a faz existir - Ausência!  

2 comentários:

Diogo Passos disse...

Minha escritora (a)

André disse...

Está demais mesmo!
Sabes bem o que penso acerca dos textos :)