12.27.2010

Histórias para adormecer

Fazes de conta que me compreendes, mas dizes sempre que as palavras dos adultos são difíceis de entender, ou as nossas vidas é que não têm significado nenhum. Mas mesmo assim, pedes-me, sempre, para te contar uma história antes de adormeceres ou então, para ser diferente, que te conte como foi o meu dia para veres se foi semelhante ao teu.
“Os adultos são incompreensíveis e o meu dia é sempre mais um dia. Sempre mais um, diferente dos teus dias. Tu corres pelas ruas e quando tropeças numa pedra, fazes uma ferida, mas de imediato te levantas e voltas a correr com um sorriso desenhado nos lábios, diferente do anterior mas continuas a sorrir. Tu contentas-te com um brinquedo feito por ti, qualquer coisa te serve desde que te sintas bem. Tu continuas a brincar, mesmo que estejas sozinha. Afinal, mesmo sozinha, tu és feliz.
Os adultos não. Os adultos acham-se superiores e pensam que “brincar” já não é para a idade deles e tornam-se sisudos e mal dispostos. Ao contrário de vocês, para eles nunca nada está bem. Correm, mas é com o stress do dia-a-dia, ou então correm dentro deles à procura da razão pela qual existem, à procura de quem amam realmente, e quando tropeçam ferem, não um joelho mas sim, o coração e a ferida, essa, não cura ou então a cicatriz fica lá e provoca uma dor intensa quando o “outro” se vai, de vez, sem nenhuma explicação e nos deixa num canto qualquer, numa hora qualquer. Não nos contentamos com um simples sorriso, com uma simples palavra bonita, queremos sempre mais do que aquilo que temos, mais do que aquilo que nos pertence. Não suportamos a ideia de estarmos sem “ninguém” ao nosso lado, quando é esse “ninguém” que nós amamos e o qual queremos fazer sorrir. O adulto chora, mas só à noite para que ninguém veja, porque é frágil e fraco mas quer mostrar-se forte e irreversível. Ao contrário de ti, quando as pessoas grandes se encontram sozinhas, são infelizes.
Vocês lutam por um sorriso, a gente crescida não luta pelo seu amor. A gente crescida foge e deixa ir quem mais gosta. A gente crescida, não é crescida, é inútil.”
O nosso dia é sempre um novo dia, mas com sofrimento como tantos outros. Os nossos dias são diferentes dos teus dias. Cresce devagarinho e sorri sempre que caíres. Salta de acordo com os teus sonhos. Não saltes dias, lança sorrisos. Salta sempre por ti e tenta sempre chegar mais longe. Salta até tocares numa nuvem. Salta até conseguires agarrar tudo o que é teu, aquilo que te pertence. Salta, salta sempre.
“Vá lá meu amor, agora abraça o peluche, fecha os olhinhos e sonha. Sonha e sorri enquanto dormes. Boa noite!”

1 comentário:

Diogo Passos disse...

Minha namorada que escreve tão bem $: