Foi um belo sonho

Conjugar verbos no passado e atribuir as melhores características a momentos que, por rotina, eram vividos e aos quais acharíamos e definiríamos como “para sempre”, não faz de nós pessoas melhores. Faz apenas com que nos acomodemos àquele quotidiano, onde mais tarde deixaremos de lhe dar o devido valor por não existir uma mútua conquista.

Palavras bonitas? Não são o suficiente para combaterem guerras, evitar a fome e mais importante, evitar o “Adeus, até um dia!”.

Ao longo de cada passo, por cada suspirar existem muitos dedos direccionados para ti, só e apenas para ti. Vais ouvir as palavras mais grosseiras, as menos bonitas, as mais patéticas e até aquelas com mais razão.

Na verdade, meia dúzia de letras pode diminuir-te a pouca auto-estima que te resta, aquela que embora pouca era tua. Passarás, então, a olhar-te ao espelho, de cima a baixo, e quando menos esperares vais confrontar-te com um: “Porquê a mim? Porque pensam isso de mim? Quando na realidade sou uma pessoa melhor”, e verás algo, vindo do teu olhar, descer pela tua face subitamente.

Vais perceber e sentir que aquilo que os demais acham e argumentam a favor e até mesmo contra ti, vai ser factor para deixares de acreditar em ti e que ao fim de algum tempo te sentirás inútil.

Mais tarde, vão abrir-te as duas mãos com toda a força, rancor, orgulho e inveja e retirar-te toda a felicidade, tudo aquilo que te era fundamental e pelo qual levaste meses e anos a construir com o coração.

No dia que isso surgir, torna-te uma pessoa diferente e não te contentes com o facto de ficares a chorar enquanto prenuncias o “Estou aqui, apenas eu, só eu. Agora resta-me o Adeus.”.

Nesse dia: deita-te, adormece e constrói sonhos felizes.

Quando acordares: sorri e corre para a praia. Descalça-te, respira fundo e sente a textura da areia, nos teus pés. Abraça o vento, fecha os olhos e pensa que nada foi em vão.